Parceria com centro universitário leva ações terapêuticas a pacientes do Centro de Saúde Penitenciário

O projeto Eles Existem busca incentivar a expressão do mundo interno em pacientes com transtornos mentais através da arte

Os internos do Centro de Saúde Penitenciário (CSP), localizado em Abreu e Lima, estão vivenciando uma experiência que envolve pintura, desenho, música e modelagem. O Projeto Eles Existem surgiu da parceria do Centro de Saúde Penitenciário (CSP), vinculado à Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), com o Centro Universitário Frassinetti do Recife (Unifafire) para levar oficinas aos pacientes com transtorno mental cumpridores de medida de segurança por determinação judicial.

O trabalho de extensão universitária teve início em março de 2025 e consiste em encontros quinzenais onde alunos da universidade, sob a supervisão da professora Karla Luna, realizam oficinas com a participação de 16 pacientes (13 homens e 03 mulheres). As atividades envolvem diversas formas expressivas como pintura, desenho, colagem, música e modelagem e são realizadas com mediação dos alunos do curso de Psicologiae profissionais de saúde mental.

O processo de criação favorece a expressão simbólica, criativa e espontânea de aspectos do mundo interno de cada participante, contribuindo para a construção de sentidos e o fortalecimento do vínculo com a prática e com o grupo. “Iniciei um trabalho de desenho, pintura e artesanato e percebi que os internos se sentiam muito bem com aquelas atividades, aí fiz o contato com a Unifafire que abraçou o projeto e conseguimos tirá-lo do papel. A mudança tem de começar de dentro pra fora, quebrando estigmas, incluindo estas pessoas e rompendo a ideia de que loucura é sinônimo de incapacidade e periculosidade”, explicou a policial penal e criadora do projeto, Wanderlânia Thayse Barbosa.

A diretora do CSP, Liliane Arruda, fala da gratidão pelo projeto. “Tenho muito carinho por essa parceria, são momentos de vivências muito especiais que fazem transmutar não apenas as emoções dos internados, mas as de quem participa. Nós aprendemos muito com eles, no olhar o outro, no respeitar, no acolher. Eles existem”, destacou.

“O foco das intervenções é proporcionar aos internos uma oportunidade para expressão emocional e reflexão pessoal. As oficinas são planejadas buscando ampliar o contato com novas formas de existir, se reconectando com suas subjetividades”, explicou a professora Luna. Ela acrescenta que as imagens, figuras, formas e produções possibilitaram os pacientes acessarem conteúdos subjetivos, emoções e memórias que, muitas vezes, não encontram espaço na linguagem verbal.

A interna Maria de Lourdes (nome fictício) considera o projeto muito bom. “É um projeto de muitas alegrias, de muita coisa pra fazer, muito bom pra saúde também. Cantamos com o pessoal, lanchamos, é realmente um projeto pra cima que tá fazendo bem a nós”, pontuou. As oficinas ocorrem até agosto. O CSP registra 64 pacientes internados.

EXPOSIÇÃO – O projeto Eles Existem será apresentado, nesta quarta-feira (14.05), das 18h30 às 20h, na III Semana da Luta Antimanicomial Marcela Lucena, no auditório da Unifafire, na Boa Vista.

Imagens: Divulgação/SEAP

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