Em meio à pressão sobre o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (foto), acusado de omissão sobre o aumento das denúncias de fraude nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS, o líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), enviou um recado ao presidente Lula, condicionando a continuidade do partido na base aliada à manutenção do ministro no cargo.
“Na minha opinião, se Lupi for demitido, eu acho que ele [Lula] demite o partido. Acho que o partido não tem que colocar substituto de maneira alguma”, afirmou o deputado ao Poder360.
Questionado sobre a hipótese de Lupi pedir demissão, Heringer defendeu que o PDT se abstenha de indicar um novo nome.
Advogo a posição que nenhum de nós volte para esse ministério, porque não há possibilidade de a gente fingir que o nosso companheiro não foi atingido”, disse.
“Não tem sentido a gente abraçar somente o ônus e não ter o bônus por apoiar o governo”, continuou.
Patinho feio
Segundo o líder do PDT na Câmara, a Previdência é “o ministério que só dá problema, que todo mundo só sabe julgar a culpa nele sobre tudo, inclusive punindo os aposentados brasileiros com reformas de Previdência”.
Para Heringer, a pasta virou “o patinho feio que todo mundo põe a culpa”.
“E ninguém quer ser pai do patinho feio”, acrescentou.
Mesmo com Lupi ameaçado, o PDT reivindica maior espaço no governo Lula.
“Quem são os ladrões?”
Heringer também afirmou o Ministério da Previdência Social é uma pasta que “todo mundo quer meter a mão” pelo volume orçamentário.
“Tem ladrões e tem negociantes. Isso é normal. Agora, os ladrões é que não podem prevalecer. E é isso que nós temos que fazer, investigar profundamente isso e ir ao cerne da questão: quem são os ladrões?”, questionou.
Lupi sabia de tudo?
Como mostramos, o ministro da Previdência Social foi alertado sobre o aumento das denúncias de fraude nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS em junho de 2023, mas levou quase um ano para tomar providências. As informações constam de atas de reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social reveladas na noite de sábado, 26, pelo Jornal Nacional.
Durante uma reunião do conselho, em 12 de junho de 2023, a conselheira Tonia Galleti trouxe o tema das fraudes à pauta, pedindo a inclusão de um debate sobre os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades que realizam descontos no INSS.
O pedido foi negado por Lupi, que alegou a necessidade de um levantamento mais detalhado. Mesmo após o alerta, o assunto só foi discutido em abril de 2024, após a intervenção de órgãos como a CGU e a Polícia Federal.
O caso é investigado pela CGU com a Polícia Federal. A operação Sem Desconto calculou que entre 2019 e 2024 foram descontados R$ 6,3 bilhões em benefícios previdenciários.
Lupi nega omissão
Lupi negou que o governo não tenha tomado medidas contra as fraudes nos descontos de benefícios de pensão e aposentadoria do INSS.
“Eu tenho certeza que tem muita safadeza de muita gente. Mas cinco ou seis servidores foram alvos, e eu vi mais de 200 pessoas ligadas às associações. Os cinco ou seis é que são os bandidos? Se estiver provado, eles vão pagar. Mas e os outros 200? E tem instituições sérias aí também, não se pode colocar todas no bolo”, disse Lupi à Folha de S.Paulo.
Questionado sobre a demora na tomada de providências, Lupi afirmou que a investigação era complexa, com milhões de processos para analisar.
“A Previdência Social tem mais de 1 milhão de pedidos novos por mês, não pode parar a Previdência. É tudo complexo, tudo difícil. A prova de que eu não fui omisso é que eu demiti o diretor.”
De O Antagonista
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